Em outubro de 2019 eclodiram manifestações imensas no Chile. Naquela ocasião o Presidente Bolsonaro se manifestou várias vezes de forma contrária ao que vinha acontecendo em nosso vizinho latino americano. Ele estava em Pequim quando afirmou: “O problema do Chile foi gravíssimo. Aquilo não é manifestação nem reivindicação. São atos terroristas”. É evidente que a preocupação de Bolsonaro não era o Chile, mas sim o Brasil. Já naquela época ele temia que o noticiário pudesse vir a incentivar a ocorrência de atos semelhantes aqui.
Bolsonaro foi agente e testemunha ocular do impeachment de Dilma. Todos se lembram que quando ele votou sim ao afastamento da então presidente, fez questão de mencionar o nome do torturador Brilhante Ustra. Bolsonaro teve a oportunidade de presenciar durante todo aquele processo o papel crucial desempenhado pelas manifestações. A cada semana legislativa ocorrida após domingos de protestos que pediam a deposição de Dilma, o clima na Câmara se tornava mais favorável ao impeachment. É disso que Bolsonaro morre de medo.
Ele sabe que uma vez iniciado os protestos por seu afastamento, caso tenham o apoio de uma emissora com a qual ele ele cultiva com carinho o conflito e a animosidade, a situação pode sair do controle. Neste caso, não há salvação nem mesmo com um Centrão bem abrigado nos cargos disponíveis.
O que pode derrubar Bolsonaro é uma avalanche de protestos. Se ocorrer no Brasil um décimo do que aconteceu no Chile em 2019 é possível que o Presidente não conclua o seu mandato, tornando-se um forte candidato a ser processado, julgado e preso por diversos crimes. Bolsonaro não vai a público ameaçar os protestos a favor da democracia porque ele é um proto-ditador, ele faz isso porque ele é um medroso e sabe que pode cair caso o povo vá para as ruas pedir por sua deposição.
Então vamos para às ruas..