Há uma sazonalidade da inflação de alimentos no Brasil, em torno de abril e maio ela tende a aumentar um pouco. Nesses meses não é surpresa quando a avaliação positiva do presidente do momento sofra um abalo, foi assim na reeleição de Fernando Henrique em 1998 e também nos meses que antecederam os protestos de 2013 durante o primeiro Governo Dilma.
Todos se recordam com muita vivacidade da forte redução da popularidade de Dilma decorrente dos protestos, mas poucos se lembram que tinha havido uma queda grande, da ordem de oito pontos percentuais, antes de junho. Aquilo tinha sido causado pelo aumento dos alimentos: no ano de 2012 a inflação da cesta básica ficou bem acima do índice geral de preços. Em 2013, com a chegada dos meses de abril e maio, o consumidor – eleitor – sentiu com mais força a corrosão de seu poder de compra.
Não será surpresa, portanto, se a avaliação positiva do Governo Bolsonaro cair nos próximos meses. Estamos vendo hoje no Brasil uma forte inflação dos itens da cesta básica, que em breve será combinada com uma redução significativa do auxílio emergencial. Se o tomate foi o grande símbolo da elevação destes preços no Governo Dilma, agora é a vez do arroz. As redes sociais valorizam mais os conflitos e as fofocas que atingem os políticos do que os preços de itens básicos nos supermercados. Mas são eles que de fato influenciam a avaliação que grande parte da população faz do governo federal.
O Ministério da Justiça pode notificar à vontade os supermercados. De nada adiantará. O Brasil é uma sociedade complexa, com uma economia pujante na qual não se controla o mercado que forma os preços. Cabe ao governo federal atuar por meio de uma política econômica que não resulte na alta dos alimentos. O que está em jogo não são das decisões da pasta da Justiça, mas sim do Ministério da Economia e de seu Posto Ipiranga.
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