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Alberto Carlos Almeida

Cientista político, sociólogo e pesquisador

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Os delírios do Sete de Setembro

por | set 8, 2021 | Política | 0 Comentários

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Faça uma procura no Google e ache quem afirmou que o o Supremo Tribunal Federal (STF) iria ser invadido pelos manifestantes do Sete de Setembro. Veja se quem previu isso (e errou) também afirmou que as Polícias Militares iriam proteger os manifestantes, além de participar ativamente dos atos. Algo que também não ocorreu. Em geral, as pessoas que fizeram tais análises mequetrefes também disseram que haveria brigas campais e algumas delas ventilaram a hipótese de uma simulação de atentado contra Bolsonaro na Avenida Paulista. Nada disso aconteceu. Será que há algum aprendizado a ser retirado destas pseudoanálises? Há sim, quem afirmou isso não conhece o imenso lastro institucional que confere estabilidade ao país, e justamente por isso continuará prevendo a catástrofe e errando. Não se estresse com elas, basta não dar ouvidos.

Deixando os delírios de lado, o Sete de Setembro mostrou que só há dois políticos capazes de colocar gente nas ruas, Bolsonaro e Lula. As manifestações do Dia da Independência não foram grandes, tampouco pequenas, e tiveram lugar em cidades de todos os tamanhos.

Levar pessoas às ruas exige, na maioria das vezes, alguma estrutura ou rede de relacionamento que vá além das redes sociais. As associações de agricultores colocaram máquinas e gente nas ruas das menores cidades do país. Em todos os lugares algumas igrejas ajudaram nesta tarefa. Bolsonaro mobiliza a ética conservadora, ele é um símbolo para seus portadores. As pessoas que vão às ruas ao seu chamamento valorizam a lealdade ao grupo e o respeito à autoridade, daí a permanente utilização de símbolos patrióticos e religiosos, não foi mero acaso, portanto, o ato de apoio ao Presidente no dia sete de setembro. Para elas, a sociedade é um ente frágil que precisa ser protegido daqueles que buscam subverter e desafiar suas regras mais disseminadas e, consideradas por muitos, naturais. Tais ideias são fortes e têm muita adesão, elas formam a visão de mundo típica de quem é de direita. Bolsonaro é, no Brasil de hoje, o grande emblema da moralidade conservadora.

Lula, por outro lado, é o ícone maior da moralidade da esquerda, caracterizada pela grande prioridade conferida à defesa dos mais necessitados. A proteção destas pessoas assume diversas facetas, pode ser expressa na luta por políticas que reduzam a pobreza por meio de transferência de renda, discursos que denunciem a fome ou a perseguição de minorias, uma agenda a favor da liberdade religiosa tendo como objetivo a proteção das religiões de matriz africana, apoio às cotas para negros nas universidades, enfim, uma pletora de reinvindicações cujo fio que as une é a luta pela melhoria da vida dos mais necessitados. É por isso que para a esquerda a data da independência do Brasil é marcada pelo Grito dos Excluídos, não é mero acaso. A força destas ideias combinada com os movimentos sociais, organizados para muito além da internet e das redes, permitem que Lula faça o mesmo que Bolsonaro fez no Sete de Setembro. Os dois levam o povo para as ruas, os dois disputarão 2022 nas urnas.

Diante destes acontecimentos, há também aqueles enfeitiçados pelo impeachment. Lamentavelmente quem diz ser possível o afastamento de Bolsonaro ignora as evidências empíricas: 229 deputados votaram para que o país retornasse ao voto impresso. Ora, se o governo conseguiu o apoio de tantos deputados assim para uma proposição natimorta, haveria muito mais empenho, na forma de liberação de recursos, para que não ocorresse o impeachment. Dito de forma clara, no momento a deposição de Bolsonaro não passa de mais um delírio. Assim como um golpe que venha a ser perpetrado por ele.

Não é preciso muito esforço, portanto, para saber hoje o que é mais provável em 2022, basta ler a Constituição onde está escrita a data do primeiro e segundo turnos da eleição presidencial, assim como a da posse do vencedor.


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