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Alberto Carlos Almeida

Cientista político, sociólogo e pesquisador

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Ciro continua fechando portas ao atacar o Governador Flávio Dino

por | dez 2, 2020 | Política | 1 Comentário

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Ciro atacou Flávio Dino porque no segundo turno o Governador do Maranhão foi votar vestido em uma camisa com os dizeres “Lula Livre”. Ele disse que Dino tinha perdido um pouco a noção da realidade. Flávio Dino respondeu recorrendo a uma expressão muito utilizada pelo ex-governador Leonel Brizola quando se referia a sua trajetória política: “eu não sou Boi de costear o alambrado”. Dino afirmou que “costear o alambrado é aquele boi que quer passar para o campo vizinho”. Mais claro impossível.

Se este ataque a Flávio Dino fosse um caso isolado na carreira de Ciro, isto não teria sido um problema. Por exemplo, apesar de ter sido Ministro de Estado no Governo Lula, no mínimo um sinal de confiança do então presidente da República depositado em sua atuação, depois que saiu do governo Ciro passou a atacar recorrentemente Lula, seus companheiros de partido e o PT. Na mesma entrevista em que atacou o Governador do Maranhão ele afirmou criticamente que Boulos representava a esquerda radical. Na campanha presidencial de 2002 ele dissera, dentre outras coisas, que Serra era “um clone monstruoso de Fernando Henrique”, Ciro tinha sido filiado ao PSDB, e disse também que o “o único compromisso que eu tenho é o de mandar o João Herman (líder do PPS na Câmara) para o Vaticano como embaixador. Naturalmente para me livrar da presença dele”. Por incrível que pareça, Ciro estava disputando aquela eleição presidencial pelo PPS, mesmo partido de João Herman.

Os ataques públicos de Ciro aos seus colegas de atividade política são, portanto, um padrão de comportamento. A grande questão é o que esse comportamento revela e quais as consequências dele para Ciro.

Todo o mundo político vê o seu destempero. Assim, como Ciro pensa em ser candidato a presidente, seus pares imaginam-se na posição de ministros. Pensam eles: “se Ciro sem mandato se dirige a um governador de estado desta maneira, imagina se for presidente qual o tratamento que dispensará a seus ministros”. Quem é ofendido por Ciro fica, com razão, muito chateado e quem não é ofendido sabe que poderá chegar a sua hora. Ou seja, suas falas recorrentes de ataques às figuras públicas têm um profundo impacto político e pessoal. É quase impossível para Ciro agregar apoios. Ele cria um clima bastante ruim ao tratar as pessoas como se fosse um ditador, logo ele que disputou três eleições presidenciais e nunca ultrapassou a barreira dos 13% de votos. Se ainda fosse o candidato franco favorito para vencer em 2022, talvez os já e futuros ofendidos se dobrassem a ele.

Por todos estes motivos, Ciro larga muito atrás para fazer alianças visando 2022, pois, em vez de dar continuidade a bons relacionamentos e conversas já estabelecidas, ele precisará procurar cada um dos ofendidos para lhes pedir desculpas. Desculpas estas que mesmo aceitas, não lhe assegura nem apoio nem lealdade.


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1 Comentário

  1. Amauri Pessoa

    Acho, Alberto, que você se esforça demais para afastar o Ciro de uma aliança que, que para mim não se dará, se o objetivo for ganhar as eleições, para imple,entar um novo projeto a favor do povo, somente pela esquerda.
    Hoje tem dois dois planos que podemos nos dedicar à discussão, pelo bem do nosso povo. A proposta do Ciro Gomes, Projeto Naciona: O Dever da Esperança e o Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil – PT/Fundação Perseu Abramo.
    Aliás só conseguimos chegar “lá”, após a Carta aos Brasileiros.

    Responder

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