Na política vale o poder de barganha. No mundo da pandemia os países que controlam a vacina e seus insumos têm mais poder de barganha do que os que não o fazem. Se o Brasil, por exemplo, tivesse desenvolvido uma vacina poderia hoje não apenas estar imunizando toda sua população, mas oferecendo a vacina para seus vizinhos em troca de algum benefício. É exatamente isso que a China está tentando relizar.
É evidente que o Brasil depende hoje de pelo menos três países a fim de alcançar o objetivo de controlar a Covid: China, Índia e Rússia. Qualquer governo de um destes três países estará disposto a exportar os insumos e a própria vacina para o Brasil, desde que ofereçamos algo em troca. Dos três, sabe-se com certa segurança que Índia e Rússia têm menos para ganhar nesta possível troca do que a China. O país liderado por Xi Jinping tem capacidade produtiva para vacinar todos os brasileiros, a grande questão será a motivação para fazer isso, e ela pode estar na aquisição do 5G chinês.
Não há bonzinhos na política. Seja nas relações entre líderes políticos, partidos ou nações, todos buscam aumentar seu poder de barganha com a finalidade de sentar à mesa para negociar em uma posição forte. O líder da China não tem o menor interesse em exportar os insumos da Coronavac se não ganhar nada com isso. O mesmo vale para a Índia e a Rússia. Como se tratam de nações, e não de empresas para as quais basta o lucro financeiro e a conquista de novos mercados, seus chefes de governo querem algo em troca do Brasil. Quanto mais Bolsonaro e seus auxiliares atacarem a China, maior será o poder de barganha de Xi Jinping.
A negociação que a China poderá vir a fazer com o Brasil, trocar a vacina pelo 5G, está em curso com muitos outros países. O objeto da troca pode ser diferente, mas o fato é que os chineses conquistarão espaços novos na geopolítica mundial graças à Coronavac.
eu gosto demais quando voce escreve. Gosto dos vídeos, mas ainda prefiro os textos. Escreva mais, por favor.
Att
Faz sentido, mas soa um pouco estranho essa tua afirmação sobre a pauta chinesa. Ficamos nos perguntando se há alguma fonte segura para dizer isso.
Uns acréscimos rápidos quanto a essa situação:
– Não existem bonzinhos na política. Existem interesses e pessoas que estão dispostas a negociar.
– O Trump impôs severas restrições à Huawei, que é a segunda maior fabricante de smartphones do mundo, sob alegação de espionagem.
– Os EUA já fizeram algo parecido com a ZTE e estão esboçando algo do tipo contra a Xiaomi (a 3a maior fabricante do mundo, na atualidade).
– A Huawei vende celulares no mundo todo (menos no Brasil), mas o que rende lucro a eles mesmo é a infraestrutura de rede celular. 70% da infra para redes móveis no Brasil é composta de equipamentos da Huawei. Todas as operadoras de celular usam equipamentos da Huawei.
– Em redes, a Huawei entrou pesado competindo com a toda poderosa Cisco, usando um sistema operacional próprio compatível com o sistema da Cisco (o IOS – não é o da Apple, é o Internet OS, da Cisco) e vendendo equipamentos mais baratos.
– A Huawei cogita vender uma das suas marcas de celulares (a Honor) para um grupo de investidores e simplesmente ignorar o mercado americano, vendendo só na China.
– Essa lenga lenga se arrasta há 2 anos, e impõe restrições para empresas dos EUA, para que elas não negociem com a Huawei. Nada de Android pra Huawei por exemplo.
– A infra de 5G da Huawei é mais barata do que a infra da Nokia, ou da Ericsson. E como já se usa muita infra deles aqui no Brasil, o custo de migração será menor para as operadoras (que já estão operando sempre no aperto financeiro).
– O governo chinês, como todo governo decente, quer defender a sua indústria.
– Logo, a China quer aproveitar a Coronavac para mandar o Biroliro sossegar o facho e parar de querer vetar a Huawei como fornecedora de infra no leilão das faixas de 5G (leilão q tá BEM atrasado), apenas por questões ideológicas.
Bem, acho q é isso. Maiores detalhes, recomendo procurar pelo blog Pinguins Móveis. Tem bem + informações a respeito.