Começo pedindo perdão pelo uso que farei neste texto de uma palavra chula. Nunca fiz isso, pois nunca foi nem será meu estilo de escrita. Abro a exceção por causa do que Bolsonaro falou ontem para o repórter, e pelo fato de ter afirmado hoje que jornalistas morrem com mais facilidade quando pegam COVID e de ter comemorado com membros do governo as ações do governo frente à pandemia que já contabiliza mais de 115 mil mortos.
Segundo os dicionários da internet, quando a palavra chula escroto é usada como analogia significa quem é mau, não confiável, mesquinho, mal-educado, negligente, vil, torpe etc. Poderia ter usado o termo torpe, mas a sonoridade de escroto e o uso que fazemos no dia a dia é o que melhor retrata Bolsonaro. Ele é assim, e ponto final.
Não será por isso que sofrerá impeachment, ninguém é afastado do cargo de presidente por ser escroto, mas sim por perder apoio político e as condições da governabilidade, o crime de responsabilidade é o de menos – arranja-se um – como já sabemos pelo que ocorreu na história recente do país.
Sendo como ele é Bolsonaro efetivamente representa um segmento dos brasileiros, não um segmento grande, mas sim real, existente e que convive com todos nós. Isso não é o mais importante. O fato é que o Brasil elegeu Bolsonaro, o sistema político permitiu que alguém como ele se tornasse candidato, que fosse ofertado ao eleitorado, e uma conjunção de fatores raros criou a conjuntura que possibilitou sua eleição. Dentre eles a operação Lava Jato e obsessão em atingir o PT, a profunda crise econômica iniciada no Governo Dilma, os escândalos de corrupção que envolveram o PSDB e Aécio Neves.
Não adianta ficarmos nos lamuriando ou nos torturando psicologicamente em função da escrotidão de Bolsonaro, como afirmei, ele é assim e ponto final. Cabe àqueles que discordam de suas ações, de suas políticas públicas, cerrar fileiras na oposição.
Com freqüência “a oposição não governa, mas obriga a governar”. O caso clássico é a Itália que precedeu a Operação Mãos Limpas. O então Partido Comunista Italiano nunca governou o país, mas como fazia uma forte oposição e ameaçava constantemente a aliança entre a Democracia Cristã e o Partido Socialista, aqueles que ocuparam o poder no Pós-Segunda Guerra implementaram parte da agenda dos comunistas. É de pouca utilidade para defender a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica ficar dando atenção às declarações de Bolsonaro. É muito mais útil ignorá-las, pois ele é assim, e agir para barrar o que de ruim ele vem fazendo ao país.
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