Mandetta concedeu uma entrevista exclusiva para a Rede Globo e ele a fez no Palácio das Esmeraldas, sede do Governo de Goiás. A mensagem foi clara: “Bolsonaro, não estou nem aí para o que você pensa ou faz. A minha decisão é realizar o que for correto para minimizar os efeitos da pandemia”.
As respostas do Ministro da Saúde na entrevista foram todas políticas, com palavras bem medidas e frases cuidadosas. Quanto a isso, Bolsonaro não tem do que se queixar. O seu ministro foi um grande jogador de xadrez, mexeu em duas peças: a rede de televisão odiada pelo Presidente da República e o partido político que preside as duas casas legislativas. Dentro deste cenário, Mandetta poderia falar o que quisesse, e ele o fez com polidez e educação.
O Ministro da Saúde sabe da enorme dificuldade que é demiti-lo, e mais, sabe que qualquer outro que lhe suceda terá de realizar rigorosamente as mesmas coisas que ele tem feito. Quando ocupantes de cargos de primeiro escalão são trocados o objetivo, de um modo geral, é realizar uma política pública diferente. Em 1999, Fernando Henrique mudou a política cambial do câmbio fixo para o flutuante. Isso exigiu a saída de Gustavo Franco da presidência do Banco Central que, depois de alguma turbulência, foi ocupada por Armínio Fraga. A eventual saída de Mandetta, e sua entrevista no Fantástico mostra que ele tem consciência disto, não significará mudança de políticas públicas efetivas de combate ao coronavírus. Irá no máximo gerar mais ruído de comunicação com um novo ministro falando uma coisa e tendo que fazer outra, seguindo na prática a OMS, mas dando mau exemplo ao país ao apoiar as aparições públicas de Bolsonaro.
O fato é que Bolsonaro continua isolado. Isso ao menos minimiza os danos que ele vem causando ao esforço nacional de contenção de danos.
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