A pesquisa do Datafolha realizada e divulgada em 27 de abril aponta que Bolsonaro tem 33% de ótimo/bom e 38% de ruim/péssimo. Collor e Dilma sofreram impeachment quando tinham entre 10 e 15% de ótimo/bom e mais de 65% de ruim/péssimo. Isso indica que o impeachment é politicamente inviável sem um apoio quase unânime da opinião pública, que acaba se refletindo em avaliação muito negativa do presidente.
Esse patamar de avaliação de Bolsonaro medido hoje capta a demissão de Sérgio Moro, a defesa que o presidente faz de medidas não científicas para enfrentar a pandemia, e uma queda gigante da atividade econômica. É possível afirmar que a sua avaliação passou incólume pela confluência destes três fenômenos.
Pesquisas anteriores do mesmo Datafolha indicaram que Bolsonaro falava para 25 a 30% dos brasileiros ao dar prioridade à economia em detrimento de salvar vidas. Escrevi sobre isso neste mesmo blog indicando os mecanismos da cognição humana responsáveis por tal fenômeno.
Aqueles que vivem em sua própria bolha podem ter dificuldade de compreender essa avaliação de Bolsonaro. Este resultado capta a visão de todos os brasileiros: o país é plural, e tudo indica que sempre será. Além disso, é útil lembrar que Bolsonaro não concluiu 18 meses de governo e agora enfrenta a sua primeira crise importante, aliás, uma baita crise. Dilma sofreu o impeachment no sexto ano de seu governo.
Enfim, diante disso tudo, defender o impeachment apenas deslegitima o voto. Quando for a vez de a esquerda voltar a governar o país o fantasma do pedido de impeachment irá pairar sobre sua cabeça desde a primeira pesquisa que indicar queda de avaliação. De toda maneira, é imperativo admitir que se a maioria de nossa elite política e de seus apoiadores é golpista, isto é, defende o impeachment com mais facilidade do que a duração normal de um mandato, o Brasil não é um dos países onde a democracia crescerá com força.
A questão, caro Alberto, é que esta aprovação tem menos a ver com as crises e bizarrices que o Bolsonaro apronta, até porque isto não é relevante para o exercito de analfabetos politicos, e sim, muito mais com o fato de que é muito cedo para os orgulhosos darem o braço a torcer e admititem q votaram numa excrescência; por conta de que os evangélicos seguem os seus pastores como gado e da mesma forma que acreditam piamente e magicamente no poder do dízimo que lhes fará ricos, acreditam no “mito” e, ainda, por conta de um pequeno contingente de nazistas convictos. Enquanto esta “poeira” não baixar, ele não cai dos 30% de aprovação . Mas, este processo de corrosão desta base frágil, finalmente começou. E hj td é bem mais dinâmico. Dá pra ver como possivel, que ainda este ano, Bolsonaro seja apeado do poder. E isto não é desejo. É real possibilidade. Porque como ele se elegeu em apenas 4 meses, td pode mudar em 4 meses.
O presidente não está acima da lei. E não precisa de apoio político nem apoio popular para a execução da lei. Se houve crime de responsabilidade, como os próprios juristas que assinaram o impeachment da Dilma reconheceram, a lei precisa ser executada com a abertura do rito de impeachment.
Com a naturalização do crime de responsabilidade são as instituições republicanas que são desvalorizadas e não o voto. Democracia não é só voto!