As pesquisas de opinião da eleição e de agora atestam que Bolsonaro foi escolhido e é aprovado por seus eleitores por se tratar de “um líder forte”, por transmitir a imagem de que é determinado e enfrenta os interesses dos poderosos. Todo líder populista de direita é assim. É a pessoa contra o sistema, e tal figura precisa cultivar junto a seus seguidores a visão de que é destemido e enfrenta quem for necessário enfrentar. Essa é a chave de imagem que Bolsonaro tenderá a se utilizar para responder às críticas de que além de demitir Sérgio Moro, acabou por se aproximar do Centrão, o que seriam as evidências de se tratar de um político como outro qualquer.
Caso o Centrão venha realmente a fazer parte do governo de forma orgânica, Bolsonaro irá responder às criticas afirmando que uma coisa era o Centrão quando apoiava quem lhe antecedeu, outra coisa é o Centrão em seu governo. Ele irá dizer que, por ser um líder forte e destemido, o Centrão foi enquadrado, então tudo que fizeram de errado anteriormente não irá se repetir agora. Isso será suficiente para que o seguidor entusiasmado de Bolsonaro, talvez algo em torno de 20% do eleitorado, continue lhe apoiando.
O desafio maior do Presidente da República não é este, mas sim enfrentar a epidemia do coronavírus e a ruína da economia. Se a epidemia for percebida como uma catástrofe e ele for responsabilizado por isso, não haverá imagem de líder forte que venha a sustentar sua avaliação positiva. O mesmo vale para a economia e sua eventual retomada. São os problemas concretos da população que terão impacto sobre a avaliação de Bolsonaro e poderão levá-la a melhorar ou piorar.
Bolsonaro e tudo o que ele representa aos seus apoiadores precisa ser enterrado nas urnas, em 2022. Só assim o efeito poderá ser forte e duradouro.