Muitos dizem que Bolsonaro derrotou o Exército. Ledo engano se isto significa que o Exército irá recuar sempre que houver conflito com o Presidente.
Bolsonaro é hoje um presidente muito fraco: a avaliação ótimo/bom de seu governo está no patamar mais baixo desde que tomou posse, ele não tem partido político e foi rejeitado pelas grandes agremiações, restando para ele o pequeno Patriota; as votações na Câmara não seguem os desejos do Palácio do Planalto, como ficou claro na recente aprovação da privatização da Eletrobrás que ficou muito mais com a cara de uma proposta do Centrão do que uma iniciativa genuinamente liberal à moda do mercado financeiro; o Supremo Tribunal Federal (STF) vem tomando inúmeras decisões contrárias aos interesses de Bolsonaro, sendo a pior delas a restituição de todos os direitos políticos de seu principal opositor, Lula; além disso o Governo vem sendo desgastado por uma CPI e não bastasse tudo isso, mais recentemente ocorreram manifestações em mais de 150 cidades contra o seu governo. São muitas as derrotas e os reveses.
Um deles, diga-se de passagem, tem a ver com o próprio Exército. A mudança do comando geral da corporação ocorreu em meio a uma crise que teve como pivô o General Paulo Sérgio, desautorizado por Bolsonaro quando deu uma entrevista ao Correio Brasiliense na qual explicou a utilização das medidas de prevenção à contaminação pelo Covid-19 a fim de proteger a tropa. A derrota de Bolsonaro naquele episódio foi acachapante, ele teve que aceitar o próprio General Paulo Sérgio no lugar do General Pujol como comandante da tropa. Se o Presidente realmente fosse forte isto não teria acontecido.
Ora, ora, todas as evidências empíricas mostram um gradativo enfraquecimento de Bolsonaro. Somente uma sociedade que acredita em mágica, em coisas como a cloroquina para curar a Covid, em horóscopos para saber como são as pessoas, em simpatias para controlar os acontecimentos, em tarô para prever o futuro e inúmeras superstições desta natureza, poderá crer, contra todas as evidências recentes, que de ontem para hoje o Presidente Bolsonaro se tornou super poderoso ao ponto de dobrar 14 generais de quatro estrelas.
É preciso mais realismo, mais pé no chão e, principalmente, mais paciência para se entender a política e o funcionamento das instituições. O tempo passa contra Bolsonaro, aliás, como as próprias pesquisas de avaliação de governo vêm mostrando. Seu desgaste é grande e sua fraqueza imensa. Além disso, ele se enforca em sua própria corda. Não sabemos exatamente quando, mas é muito grande a chance de que Bolsonaro sofra um revés advindo do próprio Exército que ele fez questão de humilhar e cuja imagem ele vem arrastando para o fundo do poço.
Não consigo me convencer do seu argumento, Alberto. Mas vou ficar atento. Se você acertar, na contramão do que todo mundo tá dizendo, aí você é o bichão mesmo.
Mas e o fato de Pazzuelo ter passado ileso no Exército? Seguir na ativa, com outro cargo no governo e sem, sequer, uma advertência, tudo como quis o senhor presidente. Por que isso não é sinal de que o Exército está completamente submetido ao capitão?
É um argumento interessante e pode ter lógica quando se pensa no alto comando das Forças Armadas. Mas a que se pensar no soldado raso, que é quem o inominável deseja ao seu lado. Estes são conduzidos e induzidos sem muita reflexão e não têm nada a perder.
Os militares são adestrados a obedecerem ordens superiores. O comandante supremo das forças armadas é o presidente da República.
Desculpe aí, com todo respeito, isso não faz sentido. E a prova disso é que Pazuelo não foi punido.
Bolsonaro manda, o exército obedece. Simples assim.