Quem menospreza Bolsonaro comete um grave erro. Veja o que ele está fazendo: adequando-se ao velho e bom presidencialismo de coalizão brasileiro. Depois de atacar a “velha política” na campanha eleitoral e já como presidente, ele acaba de distribuir cargos para Valdemar Costa Netto, Ciro Nogueira, Roberto Jefferson dentre outros. Ou seja, Bolsonaro recua.
Ele tem faro político, percebeu que estava se isolando de forma crescente e decidiu agir para interromper este processo. É interessante que isso passou a acontecer justamente porque ele decidiu seguir um caminho de confronto com todo o sistema no que diz respeito às medidas contra a pandemia. A reação de governadores, prefeitos, do Poder Legislativo e do STF foram lidas por Bolsonaro como um sinal de alerta. Ele poderia ter mantido a rota do confronto, mas não o fez.
Para os que acham Bolsonaro somente tosco e incapaz, um movimento como este deve servir para rever conceitos. Do seu jeito ele é totalmente capaz de se adaptar às circunstâncias. Aliás, justamente por isso o Centrão agradece.
Professor, duas coisas dúvidas. Primeiro, dessa forma e com aquele apoio mínimo de 30% do eleitorado, como fazer para ganhar do bolsonaro em 2022? E por último, dá para ganhar dele em 2022? Pergunto isso porque com esses 30% ele já fica muito próximo do 2 turno e parece que qualquer candidato da esquerda apesar de ter força para ir para o 2 turno, não teria força suficiente para detê-lo no 2 turno e o mesmo vejo em qualquer candidato de centro direita (não vejo como seriam capazes de ir ao 2 turno e nem de fazer frente ao atual presidente).
Obrigado professor
Muita água ainda vai passar embaixo da ponte, mas sim, você tem razão, ele se mantém forte para 2022. Ele primeiro trabalha para impedir que Doria tire sua vaga para o segundo turno, depois ele quer enfrentar o PT no turno final.
muito bom alberto. acho também uma outra coisa sobre isso, sobre esssa rusticidade…
mas aí a opinião demanda evidencias…
Alberto, e a avaliação que seria um erro tal qual o da Dilma, que tentou isolar/enfraquecer o Cunha com esse mesmo “centrão”? Maia não teria uma “tropa de choque” como aquele? Bolsonaro tem armas que Dilma não dispunha, mesmo não tendo p. ex. um partido que lhe dê suporte?
Professor, apesar da manobra evidente, o recuo para o centro do tabuleiro não vai tornar o chamado centrão inviável para as próximas eleições municipais!?Pois serão influenciadas diretamente pelo comportamento dos atores políticos diante da crise económico-sanitaria.
Bolsonaro está apenas exercendo seu instinto de sobrevivência política. É algo que diz respeito a sua sustentação no governo. Quanto às eleições, ele verá o que fazer mais adiante.
Professor, uma questão: os desdobramentos dessa crise que está aí, com um provável número de mortos por conta da covid19, somada a esse discurso negacionista, esses elementos não poderiam tirar seu apoio e enfraquecê-lo para 2022?
Podem sim. É imprevisível o que ocorrerá. Nota-se que o discurso de Bolsonaro agrada em torno de 25% do eleitorado. Evidentemente tudo dependerá do número de mortes e de como isso terá impacto sobre a população.
Boa tarde Professor. Ao se aproximar de Valdemar Costa Netto, Ciro Nogueira, Roberto Jefferson e de adotar a forma praticada pela “velha política” quanto Bolsonaro perderá? É evidente que a mudança de postura tem por objetivo proteger o mandato, afastando a possibilidade de impeachment, contudo, esse procedimento inevitavelmente causará um dano colateral, pois acredito que seus seguidores não aceitarão tal manobra política como uma coisa natural. Como o Senhor pode avaliar as prováveis perdas em face dessa mudança de postura de Bolsonaro?
Abraço.
Boa tarde a todos que lerem, fiquem em casa e não esqueçam de realmente praticar as recomendações da OMS.
Fisicamente separados pelo isolamento social, imprescindível neste momento, mas irmanados na luta contra a pandemia, a ignorância e ao fascismo, venceremos esses inimigos cruéis.
Sergio Luiz Teixeira Braz – Porto Alegre/RS
Advogado – sergioltbraz@gmal.com
Pode ser que Bolsonaro aceite o desgaste em troca da estabilidade política