fbpx

Alberto Carlos Almeida

Cientista político, sociólogo e pesquisador

Alberto Carlos Almeida

Cientista político, sociólogo e pesquisador

Uma carta na manga do PT

por | jan 4, 2021 | Eleições | 2 Comentários

Compartilhe

Na eleição geral de 2010 o então presidente Lula teve duas prioridades, eleger sua sucessora e ampliar a bancada do PT no Senado. A maior derrota que Lula sofrera no legislativo foi imposta pelos senadores em dezembro de 2007 quando a CPMF, um imposto de 0,38% criado no Governo Fernando Henrique, que incidia sobre as movimentações bancárias, não foi renovada. Aquele derrota significou uma perda de receita de 40 bilhões de reais por ano.

É evidente que um presidente da república minimamente responsável jamais esqueceria disto, e o trauma da derrota se transformou em impulso para a ação: Lula fez questão de animar o PT para que o partido tivesse candidatos competitivos ao Senado. O empenho funcionou. A bancada aumentou de 10 para 15 senadores.

É possível que o trauma do Governo Bolsonaro, que hoje mobiliza não apenas o PT, mas inúmeras forças políticas, sirva novamente de estímulo para que Lula dê atenção especial às eleições legislativas, neste caso a da Câmara dos Deputados. Não se pode esquecer que em 2022 estarão proibidas as coligações para deputado, o que tende a beneficiar ainda mais os maiores partidos e, consequentemente, o PT. Isso seria um incentivo a mais para Lula coordenar uma ação visando ampliar a força de seu partido na câmara legislativa que, na maioria das vezes, define as proposições que serão ou não aprovadas.

O PT poderia formar nominatas para deputado federal muito fortes apenas com seus atuais quadros. Poderiam ser candidatos a deputado federal Tarso Genro no Rio Grande do Sul, Fernando Haddad e Eduardo Suplicy em São Paulo, Rui Costa na Bahia, Marília Arraes em Pernambuco, Camilo Santana no Ceará e Wellington Dias no Piauí. É claro que tais candidaturas ainda estão muito longe de serem efetivadas, pois dependem não apenas de humildade e disposição pessoal de cada um deles, mas principalmente de muita negociação política e de um candidato a presidente também competitivo, que gerasse uma grande expectativa de vitória e, portanto, uma possibilidade real de que se eleitos viessem a se tornar ministros de estado.

Essa galeria de fortes candidatos petistas à Câmara dos Deputados poderia ser ampliada facilmente caso outros políticos, cientes dos efeitos da proibição de coligações para cargos proporcionais, migrassem para o PT, como Marcelo Freixo no Rio de Janeiro, Roberto Requião no Paraná e Flávio Dino no Maranhão.

Momentos excepcionais exigem decisões ousadas e igualmente excepcionais. Há tempo para que uma ação como esta venha a ser articulada e levada a cabo. É viável e apenas o PT é capaz disto.


Compartilhe

Leia mais

O que elege um presidente

O que elege um presidente

Eu sou suspeito para sugerir, mas vamos lá: não deixe de ler o livro A mão e a luva: o que elege um presidente (http://amaoealuva.com.br/), de minha autoria junto com Tiago Garrido. Estamos na reta final da eleição de 2022 e esse é um momento perfeito para a leitura....

Ciro no PSDB

Ciro no PSDB

Ciro colocou seu nome ao lado de Doria, João Amoedo, Eduardo Leite, Luciano Huck e o zero à esquerda Mandetta. Com isso ele deseja o voto da direita. Ademais, ele deu uma entrevista dizendo que Bolsonaro não irá para o segundo turno, e que ele Ciro enfrentará Lula na...

Entrevista para Al Jazeera

Entrevista para Al Jazeera

Concedi uma entrevista à Al Jazeera sobre as anulações das condenações de Lula por Fachin. Falei também sobre a elegibilidade de Lula e sua possível candidatura a eleição de 2022. Clique AQUI e leia a entrevista na íntegra. Siga minhas redes sociais: Instagram:...

2 Comentários

  1. Ruy João Staub

    Concordo com o Senhor.
    Já temos o exemplo de humildade do Suplicy, do Chico Alencar e do Lindbergh, vereadores, pela esquerda. E, salvo erro, do César Maia, pela direita.
    A esquerda, mesmo ganhando a Presidência, não conseguirá passar seus projetos. E ficará refém do Centrão, como todos os governos desde 88, ou cairá, como Dilma.

    Responder
  2. Sancler

    Faltou a Dilma e o próprio Lula, na lista dos “possíveis” fortes candidatos.

    Responder

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *