É comum e compreensível que muitas pessoas no mundo político acreditem em mágica. Uma delas é a crença de que um governante muito mal avaliado tem grandes chances de ser reeleito pelo simples fato de controlar a máquina pública. Este é o caso de Crivella e de seus seguidores mais animados. A operação de busca e apreensão levada a cabo contra Eduardo Paes reforça este apego ao (quase) impossível.
O prefeito do Rio de Janeiro tem hoje não mais do que 20% de ótimo e bom. Se ele for reeleito será o primeiro caso de alguém que venha a alcançar este feito com uma avaliação de governo tão ruim. Sempre pode acontecer. Porém, o mais provável é que Crivella seja derrotado, se não já no primeiro turno, não passando para a rodada final da eleição, certamente no dia 29 de novembro.
Diante deste cenário, é curioso que as ações contra Eduardo Paes sejam interpretadas como uma tentativa de possibilitar a vitória de Crivella. Só haveria hoje um caminho para isso, o seu governo à frente da prefeitura do Rio de Janeiro passar a ser bem avaliado. EM geral isso não ocorre, pois falta pouco tempo para a eleição e uma avaliação tão ruim como a que ele tem hoje foi obra de vários anos de incapacidade administrativa.
Na realidade, se alguém for beneficiado pela investida da Justiça e do Ministério Público contra Eduardo Paes não será Crivella, mas sim outro candidato que represente renovação. Mesmo essa hipótese pode acabar não ocorrendo. O eleitorado do Rio de Janeiro fez isso em 2018 ao votar em Witzel e agora ele está envolvido em escabrosos escândalos de corrupção e bem próximo de perder o mandato. A vacina contra o novo no Rio de Janeiro foi desenvolvida com muita rapidez.
Eduardo Paes continua sendo o favorito para ser eleito prefeito da capital fluminense. O episódio de hoje pode vir a ser um tiro pela culatra, basta que Paes relembre a eleição do “puro e honesto” Witzel em 2018 e complete dizendo que votar em qualquer novidade seria um erro. Quanto a Crivella, ele não precisa se preocupar, o prefeito já é suficientemente rejeitado para não ameaçá-lo.
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