O Trump que aparece em público e que concede entrevistas coletivas e tuíta não é o mesmo Trump que decide em reuniões com secretários e assessores na Casa Branca. Trump é capaz de separar o que ele fala para sua tropa, o que ele comunica a fim de manter juntos seus apoiadores, daquilo que ele decide para administrar um país tão rico, grande e complexo como os EUA. Bolsonaro não tem essa capacidade.

Vê-se que na pandemia Bolsonaro acredita piamente que as suas palavras devem sim se tornar políticas públicas. Todos observaram que nos EUA seu líder maior recuou ao ponto de admitir que o Brasil é hoje um risco para o espalhamento da pandemia. Só Bolsonaro não consegue compreender isso.

Aqueles que afirmam que Trump e Bolsonaro são equivalentes, precisam admitir que o duro processo de seleção das primárias de republicanos e democratas, permitiu que lá o candidato ofertado ao eleitorado fosse muito mais capaz de se comunicar e de fazer política do que aqui. Bolsonaro é único no mundo quando se trata de lidar com o coronavírus. Os líderes de Nicarágua, Bielorrússia e Turcomenistão não se comparam a ele no nível de irresponsabilidade, pois comandam países menos populosos e complexos do que o Brasil.

Estamos muito mal servidos, infelizmente e para desespero dos que consideram a vida humana o valor mais elevado.