A eleição presidencial não vale nada no Brasil, ou vale muito pouco. A julgar pelo comportamento de muita gente envolvida com política, vivemos em um país de golpistas. Logo depois que Dilma foi reeleita em 2014 houve quem defendesse a anulação do resultado eleitoral. Um óbvio golpe do ponto de vista das pessoas que valorizam voto popular. As urnas eletrônicas tinham acabado de serem desligadas, estavam quentes ainda, e sequer haviam todas sido recolhidas às sedes dos Tribunais Regionais Eleitorais, e já se falava em uma petição ao Tribunal Superior Eleitoral para anular o resultado da eleição.
Na impossibilidade de se fazer isso optou-se pelo impeachment. É sempre bom lembrar que o afastamento de Dilma ocorreu em 2016 e a eleição estava prevista para 2018. É curioso que o pouco caso em relação ao resultado das urnas tenha levado a maioria dos atores políticos a não aguardar a possibilidade de retirar o PT do poder pelo voto. Ela foi apeada da presidência com 10% do eleitorado considerando seu governo ótimo e bom. A política fez com que os partidários de Dilma caracterizassem seu impeachment com tendo sido um golpe.
Há quatro anos se fala que Dilma foi vítima de golpe. Também é curioso que muitos que vêem seu afastamento como golpe agora defendam o impeachment de Bolsonaro. Em se tratando dele, não é golpe, mas afastamento legítimo e necessário, em que pese o fato de ele ter avaliação ótima de 15% do eleitorado e boa de pelo menos 10%. Quando não se obtém o poder pelo voto, parece que se busca atingi-lo por outro caminho, que basicamente ignora inteiramente a legitimidade das urnas.
Em 2019 o séquito de bajuladores de Bolsonaro foi enorme. Muitos deles, agora, defendem o impeachment, não querem mais Bolsonaro como presidente. O que teria mudado tanto em tão pouco tempo?
O mais curioso de tudo é a falta de paciência para aguardar as eleições. Aliás, aguardar a voz das urnas não apenas é o ato maior de respeito à vontade popular, mas permite que todos aprendam com seus erros. A elite política precisa sofrer nas mãos de péssimos governantes para que ela entenda que é responsabilidade dela a oferta de bons candidatos ao eleitorado. O eleitorado precisa sofrer nas mãos de maus políticos para que o exercício regular do voto se torne um aprendizado.
O Brasil é maior do que seus presidentes de plantão. O Brasil é uma federação, tem governos estaduais e municipais, tem centenas de instituições públicas e privadas zelando pelo bem-estar da população. Não será um presidente incompetente que destruirá um país tão grande, tão populoso e com tanta vitalidade. O que realmente pode prejudicar nosso querido país é o golpismo generalizado, a busca pelo poder por outro caminho que não seja o voto.
O atual governo está acabando ou tentando acabar com as instituições republicanas…quer transformar esse país num anarcocapitalismo de milicianos…evangélicos e famílias de bem armadas( como bem diz o professor guiraldelli).
Agradeço por o senhor dizer as palavras desse texto. Concordo que impeachment é mecanismo legitimo como habeas corpus ou habeas data. O voto não tem peso, assusto com a conversa da mídia.
A situação é emergencial, fora Bolsonaro é questão de saúde pública!
Ninguém pode negar que esse governo bocalnaro é fruto de sucessivos golpes. Golpe político, midiático, judiciário e eleitoral. Nem um liberal conservador pode negar essa realidade. Mas se a esquerda aceitou concorrer as eleições, ela o legitimou, é verdade. Entretanto, a esquerda, e qualquer outra agremiação social, tem o direito e o dever de defender as instituições democráticas e os direitos dos cidadãos. Seja contra o autoritarismo ou seja contra os crimes políticos e ou comuns de governo. E caso sejam comprovados devem exigir julgamento justo e a devida punição.
Não tem nada de curioso. No caso da Dilma era debatido se houve ou não crime de responsabilidade. No caso do Bolsonaro não há essa dúvida: ele cometeu vários crimes de responsabilidade à luz do dia! O presidente não está acima da lei. E a execução da lei não precisa de apoio popular. Se há crime de responsabilidade deve executar a lei e iniciar o rito de impeachment! Se o presidente vai ter a maioria na Câmara e Senado é outros 500.
Interessante professor. Tratamos a classe política como empregados do setorneio privado. Não está trabalhando direito, demiti-o!
Mas o sistema é mais complexo que essa vontade individual. Justamente para não facilitar essas nossas “vontades”.