O Presidente do PSOL, Juliano Medeiros, deu uma entrevista hoje afirmando que seu partido se credenciou nesta eleição para liderar uma renovação da esquerda. O momento para falar isso foi o pior possível, isto é, caso Boulos queira o apoio ostensivo e entusiasmado de Lula e do PT. A entrevista sugere que o objetivo do PSOL é ocupar o espaço que hoje é do PT.
Uma maneira de fazer isso é, no município de São Paulo, tentar obter os votos do PT ao mesmo tempo em que esconde o seu aliado. É o melhor dos mundos possíveis, que em geral nunca ocorre na política: Lula e o PT estariam passando de graça seu capital político e eleitoral para uma sigla que quer substituí-los. A entrevista de Juliano Medeiros poderia ter evitado o tema da renovação da esquerda e ter enfatizado apenas a união de PSOL e do PT para conquistar a maior cidade do país.
Ninguém precisa estar na reunião do PSOL a fim de discutir a campanha de Boulos no segundo turno para saber o que está ocorrendo, estão divididos quanto ao apoio do PT e de outros políticos e partidos. É claro que apoio todo mundo aceita, esse não é o problema. A questão é quem vai aparecer pedindo voto para Boulos, em que circunstâncias e com qual destaque. É típico em uma reunião como esta a seguinte frase: “se fulano entrar por uma porta eu saio por outra”, no caso do PSOL poderá até vir com o complemento, “inclusive este foi processado pela Lava Jato”.
O PSOL passou a campanha pregando o voto útil do eleitor do PT, queria os votos do PT, mas não quer o apoio explícito e ostensivo do partido. Inclusive, há a mídia insuflando isto ao afirmar que o PT quer apoiar Boulos de corpo e alma para depois dominar o governo. Este argumento também deve circular na reunião psolista. O resultado imediato é que a campanha já está parada desde domingo, e tende a permanecer assim. Como afirmou Lula sobre o PSOL, para aprender a nadar tem que entrar na água. Bem-vindo ao alto mar.
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