É claro que qualquer um de nós pode vir a ser vítima fatal do coronavírus. Infelizmente, tudo indica que mais de 130 mil brasileiros perderão a vida por causa desta pandemia, mas tudo indica que Bolsonaro não se tornará parte desta deplorável estatística. É difícil imaginar que um presidente da república morreria por este motivo pelo simples fato de poder dispor da melhor assistência médica possível em seu país e no mundo. Se ele pode não morrer do ponto de vista físico, certamente pode acontecer do ponto de vista político.
Winston Churchill dissera que “a política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes”. Bolsonaro poderá ser morto pelo coronavírus na eleição de 2022, ou até mesmo antes em caso de afastamento.
O fato é que a sua contaminação pelo COVID-19 será mais um capítulo de um enredo que já está levando sua imagem a piorar, e imagem é tudo quando se trata de eleição. A rejeição a seu governo era de aproximadamente 30% de ruim/péssimo antes da pandemia, e agora atinge em torno de 50%. Vinte pontos percentuais é uma tsunami quando se trata de opinião pública. Se considerarmos apenas os votos válidos de 2018, isto significa que 20 milhões de eleitores passaram a considerar seu governo ruim/péssimo, é praticamente metade da população do Estado de São Paulo.
Aqueles que hoje rejeitam o Governo Bolsonaro o fazem porque a economia está indo muito mal e o presidente fez pouco caso da doença, isso vem resultando em milhares de mortos, colocando o Brasil como o segundo pior desempenho – até agora – no que tange à contenção da pandemia. Adicione-se agora a esta história o fato de ele ter se contaminado, eis a prova cabal que faltava de que o presidente não se importa com a saúde e o bem-estar de ninguém, nem de si próprio. Na campanha de 2022 será perguntado se faz sentido continuar sendo governado por alguém assim.
No seu caso, portanto, tudo indica que o efeito da doença será prolongado e que sua morte poderá vir a ocorrer na política, talvez definitiva ao contrário do previsto por Churchill.
“Na campanha de 2022 será perguntado se faz sentido continuar sendo governado por alguém assim.” Não, Alberto! Não podemos deixar para fazer essa pergunta em 2022. Ela tem que ser feita agora: faz sentido que alguém assim, que comete tantos crimes, termine o mandato? O senhor está se saindo um ideólogo do governo Bolsonaro melhor que o Olavo de Carvalho, afinal, o senhor sabe ler e fazer conta!