Bolsonaro foi deputado por 28 anos, sete mandatos, e nunca se destacou em nada que fosse relevante. Durante o processo eleitoral de 2018 em entrevista na Rede Globo ele afirmou que nunca esteve envolvido em grandes negociações porque sempre foi um deputado do baixo clero.
O conceito de baixo clero, backbenchers em inglês, indica deputados sem relevância no processo legislativo, eles não são bons negociadores, não formam a opinião de seus pares acerca dos temas debatidos, não são pivôs de acordos que destravam algum debate relevante, tampouco são bons oradores. Esses deputados são a maioria nas casas legislativas de todos os países. Eles defendem apenas seus interesses paroquiais, levam recursos para suas bases eleitorais e, com frequência, para atingir tal objetivo precisam influenciar o governo. No caso brasileiro isso significa ter acesso a cargos. Não há nada de errado ou ruim em pertencer ao baixo clero, como afirmei, a maioria dos deputados faz parte deste grupo.
A eleição presidencial no Brasil tinha sido capaz até 2014 de impedir que figuras oriundas do baixo clero se tornassem presidente. Em todas as eleições sempre apareceram candidatos com este perfil, mas apenas em 2018 um candidato assim foi capaz de vencer.
O que vemos agora, no acordo político com partidos do Centrão, é Bolsonaro de volta para sua casa. Ele está inteiramente à vontade nas negociações com Roberto Jefferson, Valdemar Costa Neto, Marcos Pereira, Ciro Nogueira, Wellington Roberto, Arthur Lira e outros com o mesmo perfil. Quando Fernando Henrique e Lula incorporaram os deputados de baixo clero em sua base de apoio parlamentar eles tinham como pilar principal seus próprios partidos: PSDB e PT respectivamente. Fernando Henrique atraiu o PFL como parceiro adicional e Lula fez o mesmo com o PMDB. Depois de estabelecido este núcleo principal de apoio os demais parceiros entraram como coadjuvantes.
O que vemos agora é o baixo clero no papel de ator principal do governo. Será uma nova experiência, desdobramento de um Presidente da República sem partido e, não custa repetir, oriundo do baixo clero. A primeira consequência é óbvia: Paulo Guedes perde proeminência no governo e os programas de privatização ou de concessões de serviços públicos para o setor privado serão todos abandonados. O Governo, sob a liderança dos militares e com o apoio político do Centrão já elabora um Programa de Aceleração do Crescimento, um PAC bolsonarista. Além disso, a partir de agora Sérgio Moro terá que resolver e contornar os escândalos de corrupção que por ventura atingirem os robertos jeffersons abrigados pelo governo.
Bom dia professor. Por que o senhor acha que a agenda privatista é anulada com a presença do centrão? Abraços e obrigado.
Porque os deputados do Centrão precisam dos cargos de empresas estatais
Bom dia professor, o que acha do mandado de segurança que está na mesa do ministro Celso de Mello? Obrigado desde já
A decisão está em aberto, vai depender do comportamento de Bolsonaro. Ele andou sendo enquadrado
Já li seus Livros.
Preciso fazer seus cursos.
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