O sucesso de Lula a que me refiro é um só: 80% na soma de ótimo e bom ao final da campanha eleitoral de 2010. Pode ser menos, antes de iniciar aquela campanha ele tina 65% de avaliação positiva. Não foi surpreendente que a propaganda eleitoral realizada na primeira eleição de Dilma resultasse na melhoria de sua avaliação já muito boa.
Lula elegeu e reelegeu Dilma. Em março de 2018, em uma pesquisa que coordenei, perguntei nacionalmente qual a avaliação que o eleitorado tinha dos governos Lula, o resultado foi 65% de ótimo e bom. Se Lula tivesse sido deixado leve, livre e solto ele poderia ter vencido sim a eleição de 2018. Mais do que isso, a sua avaliação popular extremamente positiva tornava ele um inimigo a ser batido.
Resultado: foram quatro anos de Lava Jato e de um grande esforço para piorar a imagem de Lula, torná-lo o maior corrupto do Brasil. Esse esforço acabou por criminalizar a política e soterrar o PSDB eleitoralmente para a presidência, mas não atingiu o prestígio de Lula junto a seu eleitorado. O principal filhote da Lava Jato foi o despertar da antipolítica, da busca de um líder forte, acima dos partidos e das instituições, para colocar o país nos rumos corretos do cumprimento do dever e da restauração da boa moralidade pública.
Eis que o ator que encarnou estas tarefas, para o eleitorado criado pela Lava Jato, foi Bolsonaro. Uma figura política obscura, um antigo deputado do baixo clero, lobista dos interesses corporativos das polícias, ligado às milícias de Rio das Pedras, negacionista da ciência.
Aqui estamos. Ninguém tinha bola de cristal para saber que uma pandemia iria ter que ser gerenciada por uma figura com tais características. Ninguém imaginava que os sentimentos antipolítica seriam despertados em tal magnitude. Bolsonaro irá embora cedo ou tarde. O grande problema que ficará é o enorme eleitorado que aceitou de maneira entusiasmada a criminalização da política.
Professor, me desculpe a franqueza, mas se Lula tivesse tido todo esse prestígio, as eleições teriam sido sempre vencidas pelo PT no 1o. turno. Outro ponto questionável é achar que o nível de aprovação de Lula se manteve até 2018. Na realidade faltou humildade para o PT aprender com as demandas de rua de 2013, que lamentavelmente foram aproveitadas por Bolsinaro. O egocentrismo de Lula levou a derrota das esquerdas em 2018, pois perdeu-se a change de robustecer a candidatura de Ciro Gomes, que era bastante competitiva. Isso deveria servir de aprendizado para não se repetir erros em 2022!
Professor, me desculpe a franqueza, mas se Lula tivesse tido todo esse prestígio, as eleições teriam sido sempre vencidas pelo PT no 1o. turno. Outro ponto questionável é achar que o nível de aprovação de Lula se manteve até 2018. Na realidade faltou humildade para o PT aprender com as demandas de rua de 2013, que lamentavelmente foram aproveitadas por Bolsinaro. O egocentrismo de Lula levou a derrota das esquerdas em 2018, pois perdeu-se a change de robustecer a candidatura de Ciro Gomes, que era banco te competitiva. Isso deveria servir de aprendizado para não se repetir erros em 2022!
Perfeita análise, professor!!! Venho dizendo há tempos que o Golpe contra a Dilma e a Lava-jato pariram o Bolsonaro.
Permita-me discordar do comentário acima. Primeiro que muits gente conhece Lula, mas não o PT. Muitos votam no Lula até debaixo d’água, mas não sabem ou não votam no candidato que Lula Indica. Muita gente decide o voto no dia da eleição, não leva a sério o processo eleitoral. Muitos votaram em Lula, votaram em Bolsonaro (por alguma razão torta acharam que ersm parecidos, talvez a impressão de que “são todos povão”, isso conta muito hoje em dia) e sonham com Luciano Huck como presidente, por causa do seu viés assistencialista no seu programa de TV.
Quanto ao Ciro, ele manteve a mesma quantidade de votos que teve em 3 eleições, em torno de 12%. Ciro Gomes é muito técnico e com um línguakae sofisticado, não fala o que o povo entende. Tanto que, tenho certeza, o que ele é mais lembrado é certamente aquela proposta de tirar o pessoal do SPC…
Quanto ao PT apoiar Ciro, existem várias barreiras. O Lula não é o PT, e o Ciro já tem muita resistência quanto ao seu nome, dentro do partido. Logo, não basta o Lula “dar a benção”. O Ciro tem uma boca grande e uma língua que mal cabe na boca, e esse é o seu maior inimigo. Ele fala o que pensa, é o que dizem. Mas ele queima muitas pontes ao invés de construí-las.
O Ciro também trocou muito de partido (7?), quase o Bolsonaro nesse quesito. E a ida (fuga?) dele pra Paris, no 2o turno, pegou muito mal. Ouvi muita gente chamando-o de “covarde”. Mais pontes sendo queimadas.
E tem também a arrogância do PT, o maior partido de esquerda do país e um dos maiores do mundo, que querem ser cabeça de chapa sempre… Apesar do Lula dizer que o PT pode indicar o vice que tá de boa.
Enfim, eu acho que culpar o PT do insucesso do Ciro é como culpar a chuva pelo alagamento nas ruas.
Vamos ver como o Ciro costura essa caminhada dele para 2022. Dizem que a entrevista dele no Roda Viva foi uma mudança de formato. A conferir.
Ratificando o comentário acima, vale lembrar que Ciro Gomes foi convidado a ser vice de Lula nas eleições de 2018 – Lula até afirmou isso em uma entrevista a Revista Fórum -, mas Ciro que desejava apenas ter a “benção” de Lula para toda a esquerda se reunir em apoio a uma candidatura encabeçada por ele, recusou. Isto expôs a falta de humildade e habilidade em construir alianças políticas e caminhos para a formação de uma coligação de esquerda por parte de Ciro Gomes. Uma vez que ele terminaria como candidato a presidência, pois Lula já sabia da sua prisão… Logo, não é Lula o egocêntrico, focado apenas em um projeto pessoal de poder e não em um projeto de Nação. Mas concordo que o PT cometeu erros, porém isso faz parte do processo e do aprendizado. Segue o link da reportagem da Fórum: https://revistaforum.com.br/politica/lula-livre/lula-confirma-que-haddad-foi-portador-de-convite-a-ciro-para-ser-vice-dele/ Professor Albero Carlos, admiro o senhor… tenho um livro seu “A Cabeça do Brasileiro”. A primeira vez que o vi foi em uma entrevista no Manhattan Connection. Depois disso fui buscar informações sobre o seu trabalho, e até assisti uma entrevista que o senhor concedeu à Marília Gabriela. Desde então, tento acompanha-lo. Agradeço pelo seu trabalho, pelo conhecimento que divide com todos.
Obrigado. Estamos em contato!