Bolsonaro dispensou o cabo e o soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) e decidiu pressionar o presidente da corte acompanhado de empresários. Bolsonaro sabe que o STF deu autonomia a estados e municípios para decidirem sobre as políticas públicas de combate à pandemia, e que agora governadores e prefeitos caminham para decidir pelo lockdown. Bolsonaro tem medo desta medida, daí a ação intempestiva de ir ao STF e transmitir a reunião ao vivo sem que isso fosse combinado com Dias Toffoli.
O Presidente do STF foi claro, ele disse que cabe ao Poder Executivo fazer tudo o que Bolsonaro foi demandar ao STF. É evidente que isso foi explicitar o desgoverno a que estamos submetidos.
Note-se que estamos na fase mais fácil do combate à pandemia e o Governo Bolsonaro não sabe o que fazer. A fase mais fácil é caracterizada por medidas muito claras e conhecidas: isolamento social, eventualmente lockdown, higienização e uso de máscaras. A fase mais difícil e complicada estar por vir, que é a lenta volta à vida normal (se é que isto será possível). Em suma, temos um governo incapaz de liderar o país no que diz respeito a medidas claras e consensuais, imagine então no momento seguinte quando será exigido modulação, sintonia fina, medidas incrementais e bem coordenadas.
Dias Toffoli sentiu falta do Ministro da Saúde na comitiva que Bolsonaro levou ao STF para lhe fazer a visita surpresa. Isso diz muito sobre a situação em que nos encontramos, e acerca do fato de nossas vidas e de nossos entes queridos estarem depositadas parcialmente nas mãos de Bolsonaro.
Penso que o Toffoli foi bem nessa “coisa”. Disse ao Bolsonaro o que ele deveria estar fazendo. Aliás, nessa discussão sobre a judicialização da política os culpados são, obviamente, os políticos. A justiça, ou os tribunais, só entra em cena quando acionada por alguém. Quando isso acontece, geralmente é porque os políticos, do executivo ou do legislativo, não estão fazendo, ou não fizeram, sua parte.
Temos que fazer a nossa parte se amamos nossos entes. queridos vamos protegelos mesmo sem o apoio do governo, para nós isso não é novidade.
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