Quem toma a decisão de sofrer o impeachment é o Presidente da República. O mandatário máximo do país trabalha dentro de uma imensa estrutura institucional na qual a Câmara dos Deputados é muito poderosa, assim como são o Senado Federal e o STF. A maioria destas casas não busca entrar em conflito com o Poder Executivo, tampouco emparedá-lo ou chantageá-lo. Deputados e senadores, como políticos eleitos, desejam apenas exercer seu poder, influenciar as decisões do Governo Federal, em particular aqueles da base de apoio ao governo.
Michel Temer foi o presidente mais impopular que o Brasil já teve, mas não sofreu impeachment, pois, por ter sido presidente da Câmara por várias oportunidades, sabia e gostava de lidar com os políticos, atendia seus pedidos, recebia-os em seu gabinete, tratava-os com respeito e deferência. O que a sua presidência nos ensina é que não há avaliação negativa da opinião pública que resulte no impeachment desde que o presidente seja querido pelos legisladores.
Bolsonaro agradou muito aos políticos ao demitir Sérgio Moro. Porém, ele precisa fazer mais. As notas divulgadas hoje pelos partidos do Centrão deixa a porta do acordo escancarada. Todos os enxadristas da política aceitam apoiar o Governo Bolsonaro, desde que o presidente não se comporte como fez em sua ida à manifestação na frente do quartel do exército. Se Bolsonaro aceitar esta condição, isto é, se passar a ser menos beligerante e mais consensual, ele fica. Todavia, se Bolsonaro insistir no caminho do conflito permanente seu destino poderá sim ser o impeachment.
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