Febeapá foi o Festival de Besteiras que Assola o país, o título do primeiro livro de Stanislaw Ponte Preta, heterônimo de Sérgio Porto, cujas crônicas caçoavam da desqualificação dos militares na ditadura que ocupavam cargos antes reservados aos civis. Agora sem ditadura, estamos presenciando o mais novo Febeapá sob a liderança incontestável do General Pazuello e de sua erudição geográfica.
Foram muitos os casos narrados por Stanislaw Ponte Preta. Desde um delegado em Minas Gerais proibindo que as mulheres ficassem com as pernas de fora em bailes de Carnaval sob o argumento de que ofendiam as Forças Armadas, até a tentativa de prisão de um diplomata russo no aeroporto do Galeão baseada em informações de um importante colunista social da época Ibraim Sued.
O grande Stanislaw Ponte Preta jamais iria imaginar que um General Ministro da Saúde seria capaz de falar em uma reunião ministerial que as regiões Norte e Nordeste do país têm o clima mais de acordo com o hemisfério norte do que com a parte austral do planeta. O que a besteira falada por Pazuello revela é a total incapacidade dos militares de tocarem os negócios públicos de um país. Política é para político, que são civis.
De 1964 para cá o Brasil se tornou imensamente mais complexo. Para mencionar uns poucos exemplos, na década de 1960 não havia Sistema Único de Saúde, o país não tinha universalizado o ensino fundamental e não existia Bolsa Família, como consequência, a burocracia pública era menor, o conjunto de leis e regulamentos muito menos complexo, o saber teórico e prático sobre políticas públicas era pouco desenvolvido e os gastos governamentais pequenos quando comparados ao Brasil de 2020. Se naquela época havia Febeapá militar, imagina hoje.
Pazuello é uma figura inteiramente desqualificada para ser Ministro da Saúde. É evidente que ele pode aprender no cargo, mas leva tempo e pode custar muitas vidas durante uma pandemia tão grave como esta. A sua principal contribuição até agora tem sido a de manchar a imagem dos militares com seu incomparável Febeapá.
Cargos políticos devem ser ocupados, prioritariamente, por civis por uma questão lógica, pois o mundo civil é maior que o militar, mais plural e não está regido pelos princípios da hierarquia e da disciplina, logo representa mais fielmente a população, que, em sua totalidade é paisana. Que o político seja a imagem e a semelhança do seu representado.
Perfeito!
Lalau Ponte Preta faria a festa hoje, estivesse vivo. A fina ironia do FEBEAPÁ é fantástica!