A escolha do diretor geral da Polícia Federal, Alexandre Ramagem, tendo como critério principal de Bolsonaro a proximidade dele com sua família e seus filhos revela a falta que fazem os partidos políticos. Na grande maioria dos países o ministro da justiça é escolhido dentre os deputados do partido majoritário que, além de saber jurídico, tem a habilidade de lidar com questões políticas. Já foi o tempo em que no Brasil essa pasta era considerada eminentemente política. É ela que tem a atribuição direta da escolha do chefe maior da Polícia Federal.
Quando Bolsonaro escolheu Sérgio Moro para o Ministério da Justiça ele não conhecia o ex-juiz, nunca tinham trabalhado juntos e, portanto, não tiveram a oportunidade de estabelecer diálogos profissionais e uma relação de confiança. Por outro lado, Sérgio Moro não foi socializado no mundo político, o resultado é alguém sem jogo de cintura, que por isso não sabia como se adequar às pressões de Brasília. Seria natural que um Ministro da Justiça com a cabeça de político aceitasse demandas, desde que legais, do Presidente da República. Uma dessas demandas poderia ser, sem dúvida, a nomeação de um nome específico para Diretor da Polícia Federal. Note-se que esta possibilidade exige, como mencionado, socialização política, preferencialmente por meio da política partidária.
A saída encontrada por Bolsonaro para a inexistência de um partido político ao qual ele pertença e o apoie, assim como ao fato de ele sempre ter sido um parlamentar do baixo clero e, consequentemente, não ter estabelecido relações políticas com profissionais qualificados de diferentes áreas de atuação, tais como juristas e médicos, é justamente se apoiar na família. Os quatro filhos, sim, porque já apareceu o 04, e ele formam o partido político que serve de referência para que sejam selecionados os auxiliares políticos de confiança.
Estamos diante de um governo que foi gestado durante a Lava Jato. Neste período a política foi criminalizada e os partidos foram duramente atacados e considerados “organizações criminosas”. O que sobrou para que o país fosse governado foi, portanto, uma família, a família do presidente.
Excelente artigo. Olhando bem, parece que a criminalizacao da politica, tal como foi criada no imaginario de grande parcela do eleitorado, associada com a ausencia de ligacao partidaria, foi e ainda eh reaponsavel pela popularidade do Bolsonaro que ainda hoje 27/abr, mostra-se resistente. Se isso for mesmo o fato que justifica a base eleitoral bolsonarista, uma ligacao mais forte com o centrao deverah colocar em cheque o seu patrimonio eleitoral. Segue o dilema: bolsonaro nao se associa ao centrao e corre o risco de nao terminar o mandato; ou ele escolhe as vias politicas tradicionais e perde o sonho da reeleicao, mas garante seu governo ateh o final…
É isso, Bolsonaro tem um dilema nas mãos
Boa tarde professor, o que o inquérito que está com Celso de Mello, caso aprovado, pode causar ao governo Bolsonaro?
Acho que esse inquérito irá atingir mais Moro