O jurista que ocupa a Procuradoria Geral da República (PGR) pode ser avaliado sob diversos prismas. Do ponto de vista do controle que exerce sobre a Presidência da República, tomando a iniciativa de investigá-la a qualquer sinal de irregularidade, já houve no passado quem recebesse o apelido de engavetador geral da república. Esta alcunha coube a Geraldo Brindeiro no Governo Fernando Henrique. Muitos hoje avaliar Aras desta mesma forma.
Talvez seja adequado avaliar o atual ocupante do cargo mais alto da PGR sob o ângulo de como ele lida com a operação Lava Jato. Sabemos todos da importância do combate à corrupção que vem sendo feito no Brasil, não apenas por meio de ações de grande repercussão midiática, mas também resultado de inúmeros marcos legais aprovados nas últimas décadas que tornaram o setor público mais transparente e aumentaram bastante os controles sobre os administradores eleitos e não eleitos. A Lava Jato pode ser vista como resultado disso, talvez até mesmo um coroamento.
Por outro lado é notório que os operadores da Lava Jato foram longe demais na utilização de suas prerrogativas. Há indícios fortes de que foram feitas investigações ilegais, obtidas delações sob a pressão de versões civilizadas da tortura psicológica, processos andaram mais rápido do que seria normal e condenações foram realizadas sem o devido fundamento probatório. Mais do que isso, não são poucas as pessoas que hoje responsabilizam o estilo da Lava Jato por parte da profunda crise econômica e destruição de riqueza que vem assolando o Brasil.
Sendo tudo isso verdade, e avaliando Rodrigo Janot e Augusto Aras em função de suas ações em face da Lava Jato, não resta uma conclusão possível a não ser admitir que a escolha de Bolsonaro para a PGR, sabendo ser ele um radical de direita sem compaixão pelas vidas perdidas na pandemia, foi muito melhor do que a indicação de Dilma. Política é assim, é mais complexa do que o maniqueísmo esquerda – direita permite antever.
O diabo está nos detalhes. Se as ações do Aras fossem voltadas a legalidade estaria tudo certo. Ocorre que o ataque a lava-jato se deve ao interesse do governo em proteger os aliados próximos. A PGR usada para defender o governo é melhor que uma que não esteja fazendo isso?
Não sei quais as motivações, analisei apenas as ações
Perfeita análise, Sérgio Escobar. Ao longo do tempo foi construído o arcabouço do MP independente que expôs as entranhas do poder, pena que junto a isso não foi resolvido o problema da seletividade, se a lava jato fosse isenta e igualitária seria a melhor ferramenta para a construção de uma grande nação.
Politicamente falando, o governo Bolsonaro fez uma escolha melhor do que o governo Dilma que padeceu de um purismo e de institucionalismo político que não deu bases para a sustentação do próprio governo, mesmo nos momentos que o governo (PT) avaliou que as próprias instituições estavam agindo de forma mais política que institucional e sem nenhuma isonomia – o que ficou caracterizado como golpe. Em outras palavras, mesmo sendo governo o PT não conseguiu frear o que caracterizou como “golpe” ou impedimento.
O Aras é melhor que o Janot, só se for no quesito INCOMPETÊNCIA. Esse Augusto Aras está sempre passando pano para o Flavinho e criticando a lava jato!
Lamentável como as instituições ( receita federal, PGR, AGU e COAF) estão “trabalhando”, em favor de meia dúzia de bolsonaristas e oligarquistas, ao invés de defenderem direitos difusos!
Esse PGR merecia no mínimo um impeachment!