Está havendo uma grande agitação em torno da possibilidade de uma aliança política que una, além de Ciro, Marina e Fernando Henrique, outras figuras da política que não se alinham – no momento – com o Governo Bolsonaro. Um recente evento midiático que colocou no mesmo debate os três políticos mencionados foi um importante impulso para aqueles que defendem esta união. Considero a iniciativa extremamente louvável, o que não impede de avaliar a força eleitoral de cada um deles.
Marina disputou três eleições presidenciais consecutivas, na primeira, em 2010, teve 19% de votos, na segunda ficou com 21% e em 2018 ela obteve apenas 1%. Isso significa que todos nós que não disputamos a última eleição presidencial tivemos apenas um ponto percentual de votos a menos do que Marina. Destaca-se também o fato de que a Rede, seu partido, elegeu somente um deputado federal, um número irrelevante quando se trata de uma casa legislativa com 513 deputados e que dá inicio e molda a elaboração, tramitação, votação e aprovação das leis no Brasil.
Fernando Henrique Cardoso teve desempenhos eleitorais brilhantes em 1994 e 1998, quando foi até hoje o único candidato a presidente que vencera as eleições em primeiro turno. Depois disso o seu partido jamais voltou ao poder em Brasília. Ao contrário de Lula que elegeu sua sucessora em 2010, ao tentar fazer isso Fernando Henrique e o candidato apoiado por ele, José Serra, amargaram uma derrota em segundo turno de 20 pontos percentuais de vantagem para o vencedor. Em 2018 o PSDB teve o seu pior resultado eleitoral, quando Alckmin teve cinco porcento de votos. A soma dele com Marina totaliza apenas seis porcento.
Ciro disputou as eleições de 1998, 2002 e 2018 quando teve respectivamente 11%, 12% e 12,5% de votos. Se ele continuar aumentando sua votação no mesmo ritmo daqui a uns 200 anos conseguirá ir ao segundo turno. Nas três eleições a sua votação no Ceará e no Nordeste também não se alterou. Isso indica que Ciro já é, para o bem e para o mal, um velho conhecido do eleitorado. Em função disso ele tem mais de 10% de votos, porém não cresce, sua rejeição é tão sólida quanto seus votos. Somando-se seus votos com os de Marina e de Fernando Henrique obtém-se 18,5%.
Em 2018 o candidato do PT cresceu em um mês. Diferentemente de Marina e de Ciro, aquela foi a primeira eleição nacional disputada por Haddad. O candidato apoiado por Lula conseguiu 29% de votos, o que o habilitou para disputar o segundo turno. Do ponto de vista eleitoral, um Haddad vale 10 pontos percentuais mais do que a soma de Ciro, Marina e Fernando Henrique.
Como nas democracias o mais votado é quem vence, talvez fosse o caso de considerar a força eleitoral de cada partido e líder político quando o objetivo é se opor a Bolsonaro.
Eu acho tudo muito incerto, em se tratando de números. Assim como Bolsonaro vem perdendo força percentual, esses pontos talvez se transfiram a alguns desses. Ciro tem sido bastante ativo, dos três citados. Mas concordo que seu eleitorado esteja estacionado. Confirmando algumas tendência, infelizmente negativas, tanto à propagação da doença quanto a recuperação econômica no Brasil, essa incerteza tende a aumentar ainda mais.
Concordo plenamente com a análise. A fila anda e os três postulantes citados já foram. Uma frente ampla é necessária, só que precisa vencer para atrair simpatizantes fora do seu reduto de esquerda. Esse nome, ao me ver, é o Fernando Haddad. Já teria sido eleito em 2018, se Bolsonaro tivesse participado de debates.
Sua análise é muito interessante, pra não dizer pragmática. Mas a política é representada por símbolos, talvez precisemos de algo a mais além do frio cálculo eleitoral. E esse algo seria a defesa de uma dama frágil, chamada democracia
Se Ciro (…) continuar aumentando sua votação no mesmo ritmo daqui a uns 200 anos conseguirá ir ao segundo turno.” 😁😁😁
Pelo que se avizinha, Ciro terá o papel de tentar cindir/enfraquecer a centro-esquerda.
Tarefa muito difícil, mas poderá trazer algum resudual dano às forças democráticas e centro-esquerda.
Pelo flanco da centro-direita dita civilizada ( porém golpista ) Ciro nada conseguirá, pois Dória, Huck….Moro, e outros já ocupam esse espaço, e não o cederão a Ciro Gomes.
Portanto, do vista racional o objetivo político-eleitoral é apenas atrapalhar o campo democrático, ao mesmo tempo, em que auxilia o campo oposto( da direita ultraliberal).
Triste e lamentável papel de Ciro Gomes.
Mais parece uma nova Marina, Cristovão Buarque, Marta Suplicy.
Ainda acredito que a principal força na próxima eleição será o anti-petismo. O povo brasileiro tem memória curta, mas demora para perder a raiva. É só sair da bolha petista pra perceber isso facilmente.
Disto isto, ou a classe política viabiliza uma alternativa ao PT e a Bolsonaro ou Bolsonaro será eleito novamente em 2022.