Soa escandaloso afirmar que a polarização entre Bolsonaro e Lula em uma eleição presidencial seria bom para o Brasil. Porém, vale entender isso sob a perspectiva de nosso sistema partidário.
O Brasil é o país do mundo com o maior número de partidos, trata-se de uma evidente ineficiência. O número de cargos comissionados aumentou em 40% da década de 1990 para cá. Collor tomou posse com 12 ministérios e hoje Bolsonaro luta para manter o número de pastas abaixo de 25. Não foi por acaso que cresceram o número de cargos comissionados e ministérios, isso só ocorreu porque no mesmo período aumento muito o número de partidos.
O Brasil tem atualmente na Câmara dos Deputados 16 partidos efetivos. Os partidos efetivos são aqueles que detém ao menos 2,5/3% das cadeiras parlamentares. Em segundo lugar nesse ranking mundial estão Holanda, Indonésia e Bósnia e Herzegovina, com apenas nove partidos efetivos, não há nenhum país do mundo que tenha entre 10 e 15 neste indicador. Nada menos do que 120 países têm até seis partidos efetivos e apenas 14 países têm mais do que isso.
O resultado de tal situação é que muitos políticos sem voto têm um partido para chamar de seu. Marina Silva teve 1% dos votos para presidente em 2018, e tem um partido para chamar de seu. Roberto Freire só é menos longevo como presidente do Cidadania, que já mudou de nome algumas vezes, do que os papados de São Pedro (37 anos) e Pio IX (31 anos) à frente da Igreja Católica, nem mesmo o João Paulo II ficou tanto tempo à frente desta instituição religiosa do que Roberto Freire à frente de sua moderna capitania hereditária. Isso não faz o menor sentido.
A proibição de coligações para eleição de vereadores e deputados que passa a valer a partir de 2020 terá como resultado a drástica redução do número de partidos. Muitos que ainda existem hoje devem sua sobrevivência a terem colocado no passado um ou dois nomes bons de votos coligados com partidos maiores. Por exemplo, o Deputado Orlando Silva do PC do B só é deputado federal por causa dos votos do PT, se tivesse concorrido sem coligação não teria sido eleito. Assim, o fim das coligações resultará no fim dos partidos pequenos. Se isso for combinado com a concentração de votos em dois grandes líderes, melhor.
A disputa entre Bolsonaro e Lula contribuiria de maneira decisiva para que o Brasil corrigisse a ineficiência de nossos sistema partidário. Um disputa entre os dois concentraria os votos para presidente que, por sua vez, puxaria os votos para o poder legislativo. Independentemente do vencedor é muito provável que ao fim do processo eleitoral acabasse por se desenhar um sistema com dois grandes partidos, o PSL na direita, caso Bolsonaro se comporte como o filho pródigo retornando à casa do pai, e o PT à esquerda.
Muita gente que afirma que nossas instituições não estão funcionando jamais menciona o sistema partidário. Essa instituição é a que hoje demanda a maior correção de rumo. Não é que ela não funcione, ela funciona, porém com um nível de ineficiência estratosférico. Uma disputa presidencial entre o maior líder da direita e o maior líder da esquerda ajudaria bastante a caminharmos para um sistema partidário normal, com dois grandes partidos representando as duas principais correntes de pesamento da sociedade.
Nem os estadunidenses aguentam, tanto que ja tem republicano na convenção democrata! Tenho certeza de que, se nao fosse a eleição indireta, os dois partidos ja teriam se subdividido.
Tenho.minhas dúvidas se Jair Bolsonaro realmente sintetiza o pensamento de direita? Ou pelo menos, terá a capacidade de sintetizar em 2022?