Bolsonaro costuma sair do Palácio do Alvorada às 9 horas da manhã e volta em torno das 18 horas. É isso que se depreende de suas passagens diárias pelo cercadinho. Trata-se de um expediente curto para um Presidente da República, mas que certamente seria exaustivo para um deputado do baixo clero. Mais importante do que a quantidade de trabalho é a qualidade do que ele faz. Evidente que se faz besteira, o melhor é que só trabalhe uma hora por dia, ou até se abstenha de fazê-lo.
O Brasil passa por duas crises monumentais, a de saúde pública e a econômica. Na pandemia nos tornamos o segundo colocado em mortes e corremos o risco de ultrapassar os Estados Unidos. Somos também o segundo país em número de infectados. As perdas humanas são catastróficas, algo jamais visto no Brasil em um período tão curto. O trauma é generalizado, atinge ricos e pobres desigualmente, mas atinge a todos. A doença já teve sua pior fase nas capitais de estado e foi em direção ao interior, o descontrole é tão grande que ninguém sabe se retornará às capitais.
Na economia, guardadas as devidas proporções, a situação é igualmente grave. O comércio varejista despencou, a indústria parou, a fabricação de automóveis caiu 99% e as projeções para o PIB de 2020 já estão na casa de menos 8%. Ocorreu o impensável, houve recessão e deflação no último mês. O desalento, muito pior do que o desemprego, pois indica que as pessoas deixaram de procurar por vagas de trabalho, só faz aumentar.
O tempo de trabalho de Bolsonaro deveria não apenas ser longo, mas estar inteiramente voltado para as crises de saúde pública e econômica. Porém, Bolsonaro se dedica apenas à crise política que ele mesmo criou e ele mesmo alimenta. É lamentável ter de admitir que não temos, na prática, alguém que mereça ser chamado de presidente da república.
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